Garra e fibra marcam a trajetória de Manuella Curti: conheça a líder do Grupo Europa

Manuella Curti é uma mulher forte e com garra, essas são as primeiras impressões ao conhecê-la. E não é para menos: ela assumiu os negócios da família quando ainda era uma jovem de apenas 26 anos.

Abraçar a presidência do Grupo Europa de purificadores de água lhe veio às mãos em meio a uma série de acontecimentos difíceis. O assassinato do irmão e a morte de seu pai pelo agravamento de um câncer foram as primeiras barreiras que poderiam ter feito Manuella Curti desistir.

Mas sua única escolha era assumir a cadeira da presidência e, então, ela o fez com maestria. A pouca idade não foi problema para ela, que encarou o desafio de ser uma mulher no comando da empresa, antes liderada por seu pai.

O Blog 99 Empresas bateu um papo exclusivo com essa mulher e líder inspiradora sobre suas estratégias de gestão e visão sobre diversidade no mercado de trabalho! Confira:

O que mais atrai você no papel de liderar pessoas?

Manuella Curti: “Gosto de estar junto com as pessoas, realizando iniciativas importantes que gerem impacto coletivo principalmente. Aprendo muito no processo e é sempre uma troca muito inspiradora, como uma espécie de nutrição da mente e da alma. Acredito que as relações interpessoais têm um papel fundamental no desenvolvimento pessoal e profissional de todos os envolvidos e, nesse contexto, os líderes devem atuar como facilitadores e orquestradores dessa dinâmica evolutiva para não inibir a potência realizadora e criativa que existe em cada pessoa de um time.”

Ser mulher já foi uma barreira no ambiente corporativo? Já se sentiu inibida ou desestimulada por outras pessoas?

Manuella: “Acredito que as barreiras e resistências existem em função dos processos cultural e histórico que nos trouxeram até aqui e não dá para ignorar isso. No entanto, acredito que passamos por um momento de mudança positiva e importante em relação aos papéis exercidos por homens e mulheres na sociedade, inclusive no ambiente corporativo. A combinação entre a nossa experiência enquanto mulheres nos dias de hoje, o olhar que lançamos sobre isso e como nos posicionamos no dia a dia e em sociedade serão determinantes para as próximas gerações, assim como tem sido desde as primeiras revoluções feministas.”

Por que o mundo dos negócios deve se importar com a diversidade de gênero?

Manuella: O mundo dos negócios está inserido no contexto do mundo. Essa frase parece redundante e óbvia, mas muitos negócios ainda não se deram conta disso. As estruturas tradicionais já estabelecidas há muito tempo no mercado corporativo, ainda que estejam buscando se reinventar (e entendo que não seja a maioria), continuam arrastando em suas culturas organizacionais práticas antiquadas de liderança, vieses inconscientes de todo tipo, reforçando assim uma cultura de preconceito e exclusão. A diversidade é fundamental para a inovação em escala, para a criatividade e para a manutenção do tecido social. Conviver e trabalhar com quem é diferente acelera a nossa capacidade de nos relacionarmos com tudo o que não é igual ao que nos acostumamos e nos capacita a viver em um mundo em constante mudança. Busco ler a diversidade como complementaridade.

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O que você considera mais importante para consolidar uma carreira de liderança – especificamente no seu negócio – que ultrapassa fronteiras?

Manuella:  A liderança deve ser exercida de dentro para fora. No fundo, todos somos (ou deveríamos ser) líderes de nós mesmos. Considero muito importante olhar para dentro e ter a disciplina do autoestudo e da auto-observação constantes. Essa prática trará um enorme balizamento sobre como lidar com as pessoas ao redor. A habilidade de compreendê-las, lidar e criar empatia com elas é fundamental para formar times diversos, multidisciplinares, coesos e engajados em um propósito. O líder é aquele que desenvolve a capacidade de aprender o tempo todo com tudo e todos ao seu redor. Para isso, é preciso estar presente, aprender com o passado e olhar para o futuro sem tirar os pés do chão.

Quais são os desafios e aprendizados da sua carreira que podem inspirar outras mulheres?

Manuella:  No início, quando me deparava com alguma situação de desvalorização ou resistência pelo fato de ser mulher, eu não acreditava que estava passando por aquilo e também não fazia ideia do que eu poderia fazer para mudar. Com o tempo, no processo de auto-observação e também de observação do outro, entendi que o que estava ao meu alcance era aprender a me posicionar a partir dos valores que já carregava dentro de mim, como respeito, justiça e amor. Temos muitas questões de exclusão, preconceito, humilhação e violência para resolver em nossa sociedade e eu escolhi fazer do meu dia a dia a maior ferramenta de transformação das questões com as quais não concordo. Decidi trilhar esse caminho do posicionamento que inspira e permite o diálogo porque acredito que a transformação cultural que precisamos promover precisará de integração para que seja sustentável. Aprendi que a melhor mudança é aquela que se faz com cuidado e respeito e que persegue o amor e a paz. Não é fácil, mas é possível.

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